terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Odeio criar títulos, bjs.

'Planejou minuciosamente aquele penúltimo dia do ano, fez planos antecipados, e queria fugir do clichê de só mudar as atitudes no primeiro dia do ano seguinte; Porque não mudar alguns dias antes?

E decidida, anotou tudo, e prometeu cumprir.

No café da manhã, por descuido deixou um copo cair, os cacos lhe fizeram pequenos furos no peito do pé, e deixaram gotículas estranhas/engraçadas de sangue; Nada demais, nada que um curativo não resolvesse. (Confessou para si mesma, que aquele acontecimento-o quebrar do copo- poderia ser sinal de um dia conturbado, mas preferiu não apegar-se a crenças, não no penúltimo dia do ano!)

Resolveu desavenças, exercitou-se, teve febre e indisposição, mas nada que estragasse o penúltimo dia do ano!

Foi ao colégio, buscar seu resultado, perfumada, e bronzeada e ouvindo 'Sgt. pepper's lonely hearts club band' e descobriu que havia repetido de ano, mas não, nada que estragasse o penúltimo dia de 2008, o ano, em que nada se concretizou em sua vida.

Apesar do 'não estar ligando' subiu as escadas do prédio, os olhos estavam cheios de lágrimas, que pareciam ter vontade própria, escorrerem pela face, sem/com motivos.

Ao abrir a porta de casa, olhou-se no pequeno espelho, sorriu, preparou-se, e vomitou para a mãe um milhão de palavras numa fração de segundos! A mãe, com um grito estridente, e a cara de 'filha da puta' acalmou-a, e disse: Fala D-E-V-A-G-A-R, pra ver se eu entendi bem [...] As palmas da mão, suavam como nunca, sentia as pupilas dilatarem estranhamente, a voz saia tremula, de choro e nervosismo; Então, olhando pra tudo, menos nos olhos da mãe, ela disse: EU REPETI DE ANO MÃE!

A mãe, com frieza disse: 'Daqui pra frente, é você e sua burrice, não conte mais comigo! Paris? Jornalismo? Vogue? Ufrj? pra você não, burra!'

Foi o esporro mais calmo, e controlado que ja levara, porém, o mais doloroso e realista! Boa parte do otimismo típico de 'penúltimo dia de 2008' foi ralo abaixo, junto com as lágrimas e o banho frio.

Aquele dia, sentiu a maior vontade de gritar do mundo, e teve vontade de expressar-se de forma 'o mais natural possível', queria alguém pra falar mil coisas, e que lhe respondesse outras mil, queria ter o mundo nas mãos, queria comer coisas que lhe faziam mal, queria rever oportunidades antes perdidas, queria falar coisas estranhas, pra pessoas aleatórias! Queria ouvir coisas carinhosas, como se tivesse algum sentimento, talvez sim, vai saber [...]

Tomou alguns anti-térmicos, apenas por encanto as cores do medicamento, escreveu, até as mãos ficarem adormecidas, recortou revistas que prometera jamais recortar, leu um livro em inglês, sem saber nada de inglês, pintou as unhas de vermelho 'deixa beijar' e pensou no futuro, enquanto limpava os dedos borrocados; E decidiu: decidiu que vai SIM ser uma jornalista e fazer tudo que lhe der vontade; Decidiu que cansou e ser padrão; Decidiu acreditar na possibilidade que não planejamos nossos dias, eles vem quando menos esperamos; Decidiu dar-se ao valor; Decidiu apegar-se menos e ser menos previsível; Decidiu parar de ser aquilo que não é, como vem sendo há 17 anos, 17 anos sem se conhecer[...]

Quem sabe o que o ultimo/primeiro/próximo ano pode lhe trazer?

Nem ela, nem eu, mas quando descobrir-mos, já não terá graça, o próximo dia já estará ai, querendo ser contado!

domingo, 21 de dezembro de 2008

O primeiro post, não pede um título!

"E parece que de um tempo pra cá, venho perdendo a vontade de escrever, como se só os pensamentos bagunçados bastassem, aqueles todos que resolvem vir ao mesmo tempo à cabeça, um pouco antes de pegarmos no sono e nos atormentam até que desmaiemos, e voltamos a te-los aleatoriamente no dia seguinte.
Parece uma deficiência, minhas mãos não são capazes de digitar/usar uma caneta pra escrever como antes; é, parece que as coisas realmente mudaram para mim."

Levantou-se, olhou o rosto amassado, após uma tarde inteira de sono, bebeu duas xícaras de café forte, e concluiu: ' nada mais faz sentido '. Realmente, nada mais fazia sentido, não que estivesse desgostosa da vida, mas é como se não se encontrasse no meio em que viva; como se fosse um brinquedo fora do lugar, ou algo do tipo [...]
Naquele dia, ouviu músicas que pensava nunca ouvir, cantou alto como se tivesse 7 anos, remoeu problemas durante muitos minutos, chorou sem saber o motivo, sentiu uma solidão grande, porém agradável, teve vontade de assistir algo em VHS, e tirar poeira do velho móvel; Escreveu duas cartas para o que as crianças chamam de 'papai Noel', e ela de mãe, e não entregou nenhuma, chorou, molhando as letras em azul do papel; Olhou fotos que pareciam conter a maior das alegrias, e encheu-se de nostalgia.
Talvez tudo isso seja sinal de que algo vai mudar, de que talvez, as coisas comecem a ser diferentes, e a vida contenha menos motivos para ser reclamada, pelo menos por ela; Quem sabe o amanhã? ela acha que sabe, mas se engana a cada amanhecer, os dias vem tornando-se menos previsíveis, as coisas vem acontecendo aleatoriamente como se vivesse numa constante e repetitiva festa surpresa; Ja não é como na infância, onde escrevia de canetinha, e num pedaço de papel qualquer, os planos pro dia seguinte, e ficava feliz sempre que realizava, tudo o que havia planejado.
Sem planos, sem previsões, sem nem almejar um amanhã descente, ela apenas entregou-se ao 'não fazer sentido' e espera dia após dia, sempre sendo surpreendida pela própria vida, e não fazendo mais questão que as coisas façam um real sentido.
Pérola Cormann.